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Sintomas de neutropenia: sinais clínicos e critérios laboratoriais

A neutropenia é caracterizada pela diminuição dos neutrófilos, células do sistema imune responsáveis pela resposta rápida a agentes infecciosos. 

Essa condição, muitas vezes silenciosa, pode tornar o organismo mais vulnerável a infecções recorrentes, exigindo atenção contínua e acompanhamento clínico adequado.

Ainda que nem todos os casos apresentem sinais evidentes, entender os sintomas de neutropenia e suas manifestações clínicas auxiliam no reconhecimento precoce e favorece decisões mais seguras sobre condutas e exames.

Em diferentes contextos, inclusive em tratamentos oncológicos, a neutropenia pode ter durações e impactos distintos. Conhecer essas variações e os critérios laboratoriais que as definem te guiarão no cuidado integral e individualizado.

O que é neutropenia: definição e fisiopatologia básica

A neutropenia é a redução da contagem de neutrófilos no sangue periférico, células fundamentais na defesa contra infecções bacterianas e fúngicas.

Essa condição pode resultar da menor produção na medula óssea, destruição acelerada dos neutrófilos ou redistribuição dessas células. 

Os neutrófilos fazem parte dos leucócitos (glóbulos brancos) e atuam como linha de frente na resposta imune inata. Quando sua quantidade está abaixo do esperado, o organismo pode apresentar maior risco de infecções, mesmo que nem todos os pacientes sejam sintomáticos.

Ela pode ocorrer de duas formas, aguda ou crônica, e está associada a diversas causas clínicas, desde o uso de medicamentos e infecções até distúrbios hematológicos. Seu diagnóstico requer análise criteriosa, levando em conta tanto os achados laboratoriais quanto a situação clínica do paciente.

O que a neutropenia pode causar?

A neutropenia pode aumentar o risco de infecções, principalmente bacterianas, que se manifestam de forma mais frequente ou intensa em pacientes com o sistema imune comprometido.

Além disso, a condição pode impactar diretamente condutas médicas, como a suspensão temporária de quimioterapias ou o uso de imunobiológicos, e indicar a necessidade de monitoramento mais intensivo. 

Cada caso deve ser avaliado em seu contexto, respeitando a individualidade clínica.

Sintomas clínicos comuns

Alguns dos sintomas de neutropenia mais comuns incluem:

  • Febre sem causa aparente;
  • Fadiga persistente;
  • Infecções respiratórias ou urinárias de repetição;
  • Mucosite oral (aftas, dor ao engolir);
  • Sensação de mal-estar geral;
  • Calafrios ou sudorese noturna.

Esses sinais não são exclusivos da neutropenia, mas ganham relevância quando há histórico de quimioterapia, uso de medicamentos imunossupressores ou outras condições que afetam a produção de células de defesa. 

A presença desses sintomas, especialmente quando associados entre si, pode justificar a investigação laboratorial para avaliação da contagem de neutrófilos.

Em determinados pacientes, os sintomas de neutropenia febril podem ser o primeiro indicativo de que há um processo infeccioso em curso, mesmo sem sinais clínicos visíveis. Por isso, a febre deve sempre ser valorizada nesse contexto.

Sintomas de alerta para neutropenia

Os sintomas de alerta para neutropenia incluem febre persistente, infecções de repetição, calafrios, dor de garganta e úlceras orais.

Esses sinais indicam que a defesa imunológica pode estar comprometida, especialmente quando ocorrem em pacientes com fatores de risco, como uso de medicamentos biológicos ou histórico de quimioterapia

É importante reforçar que nem todo sintoma significa gravidade, e a conduta deve ser orientada por profissionais de saúde. O contexto de aparecimento dos sintomas, sua duração e a presença de comorbidades são fatores determinantes para o direcionamento clínico.

Quando internar por neutropenia?

A decisão de internação deve considerar a gravidade da neutropenia, presença de febre e condição clínica geral do paciente.

Pacientes com neutropenia grave e febre persistente, sinais de instabilidade hemodinâmica ou sem resposta a tratamento ambulatorial podem ser indicados para internação. A presença de comorbidades, uso de cateteres venosos centrais e infecções sem foco definido também são fatores que influenciam essa decisão.

Para validar a necessidade ou não de internação, não considere apenas a contagem de neutrófilos. Apoie-se no uso de escalas de risco e critérios clínicos para te auxiliar na definição da melhor abordagem para cada cenário.

Como identificar neutropenia?

A identificação da neutropenia parte da associação entre sintomas clínicos e confirmação laboratorial. 

Como nem todos os quadros são sintomáticos, o hemograma completo continua sendo o principal recurso diagnóstico. Esse exame permite avaliar a contagem absoluta de neutrófilos (CAN) e classificar a gravidade da condição.

Tenha em mente que a importância de um diagnóstico correto vai além dos valores numéricos: o contexto clínico, o tempo de queda dos neutrófilos e a presença ou ausência de sintomas direcionam a conduta médica.

Em pacientes com infecções recorrentes, uso de medicamentos biológicos ou em tratamento imunossupressor, a investigação da neutropenia pode ajudar na definição de riscos e estratégias de cuidado.

Você deve evitar conclusões baseadas apenas em resultados laboratoriais isolados e considerar todo o quadro clínico e histórico do paciente.

Diagnóstico da neutropenia

Critérios principais para diagnóstico de neutropenia:

  1. Hemograma completo com análise da série branca;
  2. Avaliação da contagem absoluta de neutrófilos (CAN);
  3. Investigação de sintomas associados (febre, infecções, fadiga);
  4. Histórico clínico e medicamentoso.

O hemograma completo permite visualizar alterações quantitativas na série branca, sendo a CAN o dado mais relevante nesse cenário. Valores abaixo de 1.500 neutrófilos por microlitro podem indicar neutropenia e merecem atenção.

Sua interpretação deve considerar os sintomas presentes, tempo de queda dos neutrófilos, presença de febre e possíveis causas relacionadas, como quimioterapia ou infecções virais. Casos sem causa aparente podem demandar investigação da medula óssea.

Não se esqueça que o histórico clínico, o uso de fármacos e o padrão de infecções também ajudam a identificar sinais de neutropenia que não seriam evidentes apenas por exame laboratorial.

Critérios laboratoriais:
  1. Contagem absoluta de neutrófilos (CAN) inferior a 1.500/mm³;
  2. Classificação em leve (1.000 a 1.500), moderada (500 a 1.000) e grave (<500);
  3. Observação da tendência de queda dos neutrófilos;
  4. Avaliação conjunta com sintomas clínicos.

A CAN é o critério mais utilizado para determinar a gravidade da neutropenia. A neutropenia leve pode ser transitória e assintomática. Enquanto classificações como a moderada e a grave demandam maior atenção, especialmente se houver febre ou outras manifestações clínicas.

Em qualquer contexto, a individualidade do diagnóstico deve ser respeitada. Nem todo paciente com neutropenia grave terá sintomas, e alguns com quadros leves podem apresentar infecções recorrentes, dependendo de outros fatores, como comorbidades ou exposição a agentes infecciosos.

Monitorar a tendência da CAN em diferentes exames também auxilia na tomada de decisões clínicas.

Neutropenia assintomática vs. sintomática: como diferenciar

A principal diferença está na presença ou ausência de sintomas infecciosos, independentemente da gravidade laboratorial da neutropenia.

A neutropenia assintomática costuma ser descoberta em exames de rotina ou durante o monitoramento de outras condições clínicas. Enquanto a neutropenia sintomática pode vir acompanhada de febre, infecções frequentes ou sintomas inespecíficos como fadiga e mucosite.

O grau da queda na CAN nem sempre se relaciona diretamente à intensidade dos sintomas. Pacientes em tratamento com biofármacos no tratamento do câncer ou com imunossupressão prolongada, por exemplo, devem ser monitorados mesmo sem sinais evidentes, pois podem ter maior risco de infecção silenciosa.

Qual a diferença de leucopenia para neutropenia?

A leucopenia é a redução global dos leucócitos no sangue, enquanto a neutropenia refere-se especificamente à queda dos neutrófilos, que são uma subclasse dos leucócitos.

Na leucopenia, destaca-se a diminuição de linfócitos, eosinófilos, basófilos e monócitos, além dos neutrófilos. Enquanto a neutropenia age de forma mais específica e possui maior associação com risco de infecções bacterianas agudas.

Embora relacionadas, essas condições têm causas, manifestações e implicações clínicas distintas. O hemograma completo é a melhor forma de diferenciar essas alterações e orientar a conduta adequada. 

Um ponto a ser considerado é que o paciente pode ter leucopenia sem neutropenia, ou vice-versa, destacando a importância da análise individualizada.

Quanto tempo dura a neutropenia em tratamentos oncológicos

A duração da neutropenia em tratamentos oncológicos varia conforme o tipo de quimioterapia, dose, número de ciclos e resposta individual do paciente.

Em geral, a queda dos neutrófilos ocorre entre o 7º e o 14º dia após a administração da quimioterapia, com recuperação espontânea esperada entre 21 e 28 dias. Em protocolos mais intensivos, a neutropenia pode ser mais prolongada e exigir suporte medicamentoso com fatores estimulantes, como o pegfilgrastim.

O histórico clínico do paciente, a função da medula óssea e a presença de infecções durante o tratamento influenciam diretamente esse tempo. Nesses casos, o acompanhamento próximo da equipe multiprofissional pode fazer a diferença, com monitoramento laboratorial frequente.

Por fim, conclui-se que a neutropenia é uma condição que exige atenção individualizada e um conhecimento aprofundado de seus sinais, sintomas, causas e critérios laboratoriais. 

Saber reconhecer os sintomas de neutropenia, entender como saber se o paciente está com neutropenia e diferenciar sintomas de neutropenia febril são formas de garantir segurança e respostas clínicas mais assertivas.

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Referências:

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