A neutropenia é uma condição que pode passar despercebida em seus estágios iniciais do tratamento de câncer, mas que merece atenção por afetar diretamente a capacidade do organismo de reagir a infecções.
Quando o número de neutrófilos no sangue está reduzido, o corpo pode apresentar respostas imunológicas menos eficientes, exigindo, então, cuidados específicos.
Embora existam diferentes formas de manifestação, os sintomas de neutropenia nem sempre são evidentes de imediato, e sua gravidade pode variar conforme a causa e a intensidade da redução das células de defesa.
Conhecer os sinais, entender o que o exame indica e saber quando procurar avaliação médica é fundamental para uma condução segura e responsável.
Se você busca compreender melhor o quadro ou orientar alguém que recebeu esse diagnóstico, este conteúdo apresenta as informações necessárias para você.
O que é neutropenia e por que ela ocorre
A neutropenia é uma doença caracterizada pela redução da contagem de neutrófilos, que é um tipo de glóbulo branco fundamental no combate a infecções.
Esse quadro pode surgir por diferentes motivos, como alterações na produção das células na medula óssea ou pela destruição acelerada dos neutrófilos no organismo. A condição pode se apresentar de forma transitória, persistente ou recorrente, a depender da origem.
Algumas pessoas desenvolvem neutropenia como consequência de tratamentos com quimioterapia, enquanto outras enfrentam o quadro devido a infecções virais, doenças autoimunes ou uso prolongado de certos medicamentos.
Causas mais comuns
As 4 principais causas são:
- Tratamentos com quimioterapia ou radioterapia;
- Doenças autoimunes;
- Infecções virais ou bacterianas;
- Uso de medicamentos que afetam a medula óssea.
Em tratamentos oncológicos, é comum que a quimioterapia cause neutropenia, pois age diretamente nas células em multiplicação rápida, como as da medula óssea. Nesses casos, a redução dos neutrófilos pode ser temporária e controlada com medicamentos de suporte.
As doenças autoimunes também podem interferir na produção ou destruição das células de defesa, gerando desequilíbrios no sistema imunológico que favorecem a neutropenia.
Já nas infecções, o organismo pode utilizar rapidamente os neutrófilos para responder ao agente invasor, esgotando temporariamente suas reservas.
Alguns medicamentos, incluindo antibióticos, antitireoidianos e imunossupressores, têm potencial para interferir na produção ou no tempo de vida dos neutrófilos, exigindo monitoramento específico durante o uso.
Sintomas e como a condição se manifesta no organismo
Existem 6 principais sintomas da neutropenia, que são:
- Febre ou calafrios persistentes;
- Feridas na boca ou dor de garganta;
- Infecções frequentes, especialmente na pele ou vias respiratórias;
- Cansaço excessivo sem causa aparente;
- Dificuldade de cicatrização;
- Inflamações ao redor de cateteres ou lesões.
Os sintomas de neutropenia podem variar segundo o nível da imunossupressão e a condição clínica do paciente.
Em muitos casos, o sinal mais evidente é o surgimento de infecções recorrentes ou de evolução incomum. Febres sem causa aparente, aftas persistentes, dor de garganta e quadros respiratórios são manifestações comuns.
A presença de úlceras na boca ou de sinais de inflamação em pequenos machucados pode indicar que o corpo está apresentando dificuldade para conter os micro-organismos que normalmente seriam combatidos com maior eficiência.
Como a neutropenia aparece no hemograma
A neutropenia é identificada no exame de sangue por meio da contagem de neutrófilos abaixo dos valores considerados normais.
O hemograma é o exame mais utilizado para avaliar a quantidade de glóbulos brancos, incluindo os neutrófilos. Valores inferiores a 1.500 neutrófilos por microlitro de sangue indicam um quadro de neutropenia, mas é importante reforçar que essa análise deve sempre ser feita por um profissional de saúde qualificado.
O número isolado não determina, por si só, o risco ou a necessidade de tratamento. Em alguns casos, mesmo com níveis mais baixos, o paciente pode estar clinicamente estável.
Já em outras situações, a queda pode exigir condutas específicas, como o uso de medicamentos que estimulam a produção de neutrófilos ou medidas de prevenção contra infecções.
Riscos associados à baixa contagem de neutrófilos
A baixa contagem de neutrófilos reduz a capacidade do organismo de combater infecções, especialmente bacterianas e fúngicas.
Quando os níveis dessas células estão muito baixos, o risco de desenvolver infecções mais graves aumenta.
Isso não significa que todas as pessoas com neutropenia terão complicações, mas reforça a importância do acompanhamento profissional. A intensidade do risco depende de fatores como a causa da neutropenia, sua duração e se há outras condições clínicas associadas.
A identificação precoce de sinais clínicos, combinada com monitoramento laboratorial, é essencial para uma resposta segura e eficaz diante do quadro.
O que significa neutropenia em um exame de sangue?
A neutropenia no exame de sangue significa que há uma redução nos neutrófilos em circulação, o que pode estar ligado a diferentes causas clínicas.
De toda forma, o resultado laboratorial é um ponto de partida para investigações médicas e não deve ser interpretado de forma isolada. Alguns pacientes podem apresentar essa alteração de forma temporária, especialmente após infecções virais ou uso de determinados medicamentos.
A avaliação da tendência da contagem de neutrófilos, associada a sintomas clínicos e ao histórico do paciente, define se o quadro exige observação, repetição de exames ou intervenção imediata.
O caminho mais seguro é discutir os resultados com o paciente, evitando conclusões precipitadas com base apenas nos números do laudo.
Classificação da neutropenia
A classificação da neutropenia é feita com base na quantidade de neutrófilos no sangue, refletindo o grau de redução da defesa imunológica. Ela pode ser classificada em:
- Leve: entre 1.000 e 1.500 neutrófilos/μL;
- Moderada: entre 500 e 1.000 neutrófilos/μL;
- Grave: abaixo de 500 neutrófilos/μL.
Na forma leve, o paciente geralmente não apresenta sintomas e pode ser apenas acompanhado. A neutropenia moderada já pode indicar maior vulnerabilidade, especialmente se associada a outras condições.
Na forma grave, os cuidados devem ser mais rigorosos, pois há risco aumentado de infecções oportunistas, incluindo bactérias presentes naturalmente na boca e no intestino.
Em todos os graus, a conduta deve ser definida conforme a causa, o histórico do paciente e a presença ou não de sintomas.
Neutropenia febril: quando é uma emergência médica
A neutropenia febril ocorre quando a redução de neutrófilos é acompanhada de febre, sugerindo possível infecção ativa.
Esse quadro é considerado potencialmente grave e requer avaliação médica imediata, especialmente em pacientes que passaram por quimioterapia ou estão sob tratamento com medicamentos biológicos.
A febre pode ser o único sinal de infecção em pessoas com sistema imunológico comprometido, tornando a resposta clínica mais urgente.
O tratamento geralmente inclui hospitalização, administração de antibióticos intravenosos e medidas para proteção contra agentes infecciosos, conforme a situação clínica.
Quem tem neutropenia tem leucemia?
Ter neutropenia não significa que a pessoa tenha leucemia.
Apesar de algumas doenças hematológicas, como a leucemia, causarem neutropenia, essa condição também aparece em muitos outros contextos, como infecções transitórias, efeitos de quimioterapia, uso de imunobiológicos ou presença de doenças autoimunes.
O diagnóstico de leucemia envolve outros critérios clínicos e laboratoriais, e não pode ser presumido com base apenas na contagem de neutrófilos.
Abordagem clínica: condutas médicas e tratamento
O tratamento para neutropenia depende da causa, da gravidade e da condição geral da pessoa.
Entre as principais condutas clínicas, se destacam 5:
- Monitoramento periódico da contagem de neutrófilos;
- Uso de medicamentos como filgrastim e pegfilgrastim para estimular a produção de neutrófilos;
- Adoção de medidas de prevenção contra infecções;
- Ajuste ou suspensão de medicamentos causadores da neutropenia;
- Tratamento da causa de base (infecções, doenças autoimunes, neoplasias).
Em pacientes em tratamento com biofármacos no tratamento do câncer, o acompanhamento é parte essencial do plano terapêutico.
Os medicamentos biológicos, embora eficazes, podem impactar o sistema imunológico e exigem cuidados específicos para prevenir complicações.
O que fazer em caso de neutropenia?
Em caso de diagnóstico de neutropenia, o primeiro passo é manter o acompanhamento médico e seguir as orientações individualizadas.
Evitar automedicação, manter os exames em dia e observar sinais como febre, infecções recorrentes ou sintomas persistentes são medidas essenciais.
É possível recomendar aos pacientes mudanças no estilo de vida, medidas de proteção contra infecções e, em alguns casos, o uso de imunobiológicos ou medicamentos específicos para apoiar o sistema imunológico.
É importante não tomar decisões com base apenas nos exames laboratoriais ou em informações generalizadas. Cada caso deve ser analisado com responsabilidade e com suporte profissional.
Afinal, a neutropenia é uma condição que merece atenção, mas que pode ser gerida com segurança quando acompanhada de forma adequada. Reconhecer os sintomas de neutropenia, entender suas causas, riscos e classificações permite decisões mais conscientes e cuidadosas, tanto por parte dos pacientes quanto dos profissionais.
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Referências:
Dale DC. How I diagnose and treat neutropenia. Curr Opin Hematol, 23(1):1-4, 2016. doi: 10.1097/MOH.0000000000000208
Skokowa J, Dale DC, Touw IP, et al. Severe congenital neutropenias. Nat Rev Dis Primers, 3:17032, 2017. doi: 10.1038/nrdp.2017.32